‘Crise fabricada’

“Crise em que estamos no Brasil é fabricada”, diz Maria Lucia Fatorelli

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Maria Lúcia Fatorelli

Os mais respeitados teóricos de economia são claros ao elencar os principais motivos pelos quais as crises estruturais são geradas em Estados nacionais, tais como a derrocada de bancos, a quebra de safras, as epidemias e as guerras. O Brasil não se deparou com nenhum desses fatores nos últimos anos, mas os elevados índices de desemprego e o insucesso das contas públicas mostram que o país passa por um momento de caos financeiro.

Então o que pode ter provocado a crise que já atinge patamares nunca antes vistos na história da República? A auditora fiscal aposentada da Receita Federal Maria Lucia Fatorelli, coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, alimenta a tese de que o próprio governo, na defesa dos interesses de grandes grupos econômicos, é o responsável por este quadro.

“A crise em que estamos é fabricada. O que provocou essa crise foi justamente a política monetária do Banco Central. A partir de 2013, o Copom [Comitê de Política Monetária] começou a subir a taxa Selic, que estava em 7,25%, em todas as suas reuniões. Ela chegou a 14,25% e ficou nesse patamar indecente por mais de um ano sem justificativa, dizia-se que queria combater a inflação, mas essa justificativa é furadíssima”, comentou.

“O que produz inflação no Brasil, especialmente nessa época, é a falta de energia, que subiu em média 60%, houve casos em que subiu 100%, o preço de combustíveis altíssimos com essa política de preços insana da Petrobras, preço de serviços administrados, como a telefonia. Essa inflação toda é repassada para a chamada dívida pública. O Banco Central aumentou as taxas nesses patamares absurdos e simultaneamente foi aumentando o volume dos depósitos voluntários da sobra de caixa dos bancos, as chamadas operações compromissadas”, prosseguiu Fatorelli.

Contribuições previdenciárias

“Não agimos tendo superávit nas contribuições previdenciárias e sociais de dezenas de milhões de reais todo ano. O governo nem precisava entrar com recursos, durante décadas as contribuições davam conta e sobravam até R$ 80 bilhões por ano. Em 2015, sobraram R$ 13 bilhões e também houve uma mudança no superávit primário. Vínhamos produzindo todo ano um superávit primário, ou seja, gastávamos menos do que arrecadávamos com tributos e contribuições, no período de 1995 até 2015 ainda sobrou R$ 1 trilhão. De repente tudo isso mudou”, comentou a coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida.

Como solução para a crise, Maria Lucia Fatorelli aposta no inverso da estratégia apresentada pelo ministro Paulo Guedes de rever as regras de aposentadoria. A auditora lembrou que os recursos financeiros em circulação acabam retroalimentando a economia, ao contrário do que acontece nas mãos dos rentistas.

Ouça a entrevista na íntegra

(* Com informações do Programa Faixa Livre –
http://www.programafaixalivre.com.br/noticias/crise-em-que-estamos-no-brasil-e-fabricada-diz-maria-lucia-fatorelli/?fbclid=IwAR2W8jR2jiOjN-J_sYK1B5Qc1qDVZQsYyOAqm-zJfs2c-YmrfdcOzl0qXNo

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