Explode o consignado

Empréstimos a aposentados e pensionistas mais que dobram após governo flexibilizar regra. Consignados cresceram 155% no segundo trimestre

Se o endividamento da população em geral está em alta no Brasil, entre os aposentados ele cresceu ainda mais. E isso aconteceu principalmente depois que o governo federal aumentou as margens para contratação de empréstimos consignados pelos beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

No final de março deste ano, virou lei a Medida Provisória (MP)1006/20, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que autorizou que aposentados e pensionistas comprometam até 40% dos seus benefícios para pagamento das prestações de empréstimos consignados. Essas parcelas são descontadas diretamente nos pagamentos feitos pelo INSS. Até então, o limite era de 35% do benefício.


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Após a mudança, o volume de empréstimos consignados contratados pelos beneficiários do INSS mais que dobrou. Dados divulgados no final do mês passado pelo Banco Central (BC) apontam um crescimento de 155% na comparação entre o total emprestado nos primeiros três meses do ano – quando valia a margem antiga – para os três meses posteriores – depois que o novo limite entrou em vigor. Já as operações de crédito, no geral, cresceram só 14% no mesmo período.

Cuidado para não perder o controle

De acordo com a advogada Joseane Zanardi Parodi, coordenadora do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), o crescimento dos consignados no INSS está ligado ao aumento das margens de empréstimos, mas também à crise econômica.

Segundo ela, hoje, aposentados já não recorrem ao consignado para pagar uma reforma ou fazer uma viagem. Por conta da crise, precisam do crédito para pagar contas de casa ou mesmo “socorrer” algum parente em pior situação financeira.

“As pessoas estão se endividando porque a renda mensal não está dando conta de fazer o pagamento das contas fixas”, explicou ela. “Eu vejo isso com bastante preocupação. Por um lado, isso injeta mais dinheiro na economia e isso faz com que a economia gire. Mas, por outro lado, endivida aposentados e pensionistas que muitas vezes não entendem muito bem a sistemática do consignado.”



(* Com informações do Brasil de Fato – Leia a íntegra aqui)


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